Eles preencheram um formulário indicando que estão de acordo com a imunização.
Do UOL

Brasileiros que moram em Israel já começaram a ser vacinados contra o coronavírus em meio à campanha de vacinação em massa que começou em 19 de dezembro no país.
Uma das primeiras pessoas a receber o imunizante em Israel foi a assistente social e psicoterapeuta carioca Deborah Erlich, de 48 anos, que trabalha no Instituto de Desenvolvimento Infantil do Hospital Schneider, na cidade de Petah Tikva, nos arredores de Tel Aviv. Ela foi convocada junto com toda a equipe do hospital, juntamente com outros profissionais da área médica e indivíduos com mais de 60 anos.
Primeiramente, ela teve que preencher um questionário indicando que estava de acordo com a imunização. Ela foi vacinada na quinta-feira, 24 de dezembro.
“Eles me ligaram e marcaram a data”, conta Deborah. “Essa semana toda, muita gente do staff já começou a ser vacinada. Fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, todos os diretores de departamentos, todos os médicos, todos os enfermeiros, todo mundo se vacinando.”
Deborah, que tem um filho de oito anos e mora com o companheiro em Tel Aviv, se estabeleceu em Israel há 28 anos. Ela não teve dúvida alguma de que gostaria de receber a vacina da Pfizer/BioNTech, a única que está sendo usada no país, por enquanto.
Olho do furacão
O enfermeiro carioca Marcos Chanea, de 48 anos, que também mora em Israel desde 1992, diz que trabalha “no olho do furacão”: a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Kaplan, na cidade de Rehovot, no sul de Israel. Assim como Deborah, ele foi vacinado na quinta-feira.

Ele conta que não sentiu nada de diferente do que em imunizações tradicionais, como a da gripe: “É como uma vacina normal, né? Você senta, tem aquele formulário que tem que preencher para ver se você não é alérgico, se não está com febre. Aí te dão a vacina, você assina, espera 15 minutos, toma um café e vai embora.”
Marcos passou por um ano complicado. Além de trabalhar numa UTI e vivenciar o dia a dia da pandemia que parou o mundo, ele sentiu na pele os efeitos do coronavírus. Sua mãe, de 77 anos, faleceu há um mês no Brasil por complicações da doença. Foi justamente para poder se reunir com a família, no Rio de Janeiro, que ele quis ser um dos primeiros a ser vacinado.
Em duas décadas de profissão, Marcos diz nunca ter experimentado um ano tão estranho como o de 2020. “Foi tudo muito diferente, porque é uma doença diferente”, explica o enfermeiro. “O cara pode estar com uma radiografia horrível, a oxigenação no sangue horrível, mas está falando contigo como se nada tivesse acontecendo. Aí, de repente, ele tem queda e não levanta mais”, diz.
Marcos, que tem quatro filhos e é casado com uma enfermeira, conta que, em seu local de trabalho, há membros da equipe que ainda hesitam em se vacinar, principalmente mulheres que temem que a vacina de tecnologia de RNA mensageiro, da Pfizer, possa afetar sua fertilidade. Mas, segundo ele, essa hesitação está diminuindo cada vez mais, principalmente depois que o Ministério da Saúde israelense liberou a vacinação também para grávidas.
“Eu acho a maioria das pessoas só quer esperar os efeitos colaterais e acredito que todo mundo vai se vacinar logo”, diz Marcos. “Eu acho que há mais pessoas lutando para receber logo a vacina do que as pessoas que não querem tomar a vacina”, conclui.